No mês de novembro comemoramos o dia da consciência negra, data de morte
de Zumbi dos Palmares, último líder do maior quilombo do período colonial. Para
além de uma homenagem e de uma celebração da cultura afro-brasileira, a data
nos convida a refletir sobre a inclusão das pessoas negras na sociedade e sobre
o racismo que atinge mais da metade da população brasileira.
O racismo, cuja existência é negada por muitos a partir do mito da
“miscigenação”, se revela nos dados acerca da pobreza, do desemprego e da
escolaridade. De acordo com o Relatório Final da CPI do Assassinato de Jovens
do Senado Federal (2016), a população negra corresponde a 76% dentre os 10%
mais pobres da população brasileira, recebe salários 40% menores que os dos
brancos e tem em média 1,6 anos de estudo a menos que pessoas brancas. Os
números contabilizam o que uma simples observação da realidade já conclui: a
precarização das condições de vida do povo negro, histórica em nosso país,
contribui para um quadro de desigualdade racial no qual a qualidade de vida, o
estudo e os espaços de poder são privilégios de pessoas brancas e não apenas
uma questão de mérito.
Outra face do racismo se revela no extermínio da juventude negra, a
maior vítima de homicídios no país. Segundo a Anistia Internacional, dos 56 mil
homicídios que ocorrem por ano no Brasil, mais da metade são entre os jovens. E
dos que morrem, 77% são negros. São crianças, adolescentes e jovens que
desconhecem o Estado protetor e garantidor de seus direitos fundamentais
previstos no ECA e na Constituição Federal, mas que conhecem bem o sistema de
repressão racista que vê no jovem negro um criminoso em potencial.
Portanto, o mês da consciência negra é para denunciar as violações de
direitos, o extermínio da juventude negra e o racismo midiático, é para dizer
não à redução da idade penal que tem como principal alvo adolescentes negros, é
para dizer não à PEC 55 que provocará a precarização dos serviços públicos de
saúde e de educação, dos quais a população negra é a maior usuária, é para
dizer não ao governo ilegítimo que embranqueceu a equipe de ministros e
extinguiu o Ministério da Igualdade Racial. É tempo de dizer que
representatividade importa, de reivindicar o direito ao conhecimento da
história e cultura afro-brasileira e de exigir respeito a essa gente “que fez e
faz história, segurando esse país no braço”.
Kennet Anderson
Assessor de Comunicação do CEDECA
Casa Renascer
Fone: 84 3211
1555 | Fax: 84 3611 3207
Rua Ana Néri, 345, Petrópolis,
Natal-RN | CEP: 59.020-040
Nenhum comentário:
Postar um comentário