COMISSÃO INTERSETORIAL SELO UNICEF 2013/2016

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Novembro negro: nota sobre o dia da consciência negra

No mês de novembro comemoramos o dia da consciência negra, data de morte de Zumbi dos Palmares, último líder do maior quilombo do período colonial. Para além de uma homenagem e de uma celebração da cultura afro-brasileira, a data nos convida a refletir sobre a inclusão das pessoas negras na sociedade e sobre o racismo que atinge mais da metade da população brasileira.

O racismo, cuja existência é negada por muitos a partir do mito da “miscigenação”, se revela nos dados acerca da pobreza, do desemprego e da escolaridade. De acordo com o Relatório Final da CPI do Assassinato de Jovens do Senado Federal (2016), a população negra corresponde a 76% dentre os 10% mais pobres da população brasileira, recebe salários 40% menores que os dos brancos e tem em média 1,6 anos de estudo a menos que pessoas brancas. Os números contabilizam o que uma simples observação da realidade já conclui: a precarização das condições de vida do povo negro, histórica em nosso país, contribui para um quadro de desigualdade racial no qual a qualidade de vida, o estudo e os espaços de poder são privilégios de pessoas brancas e não apenas uma questão de mérito.

Outra face do racismo se revela no extermínio da juventude negra, a maior vítima de homicídios no país. Segundo a Anistia Internacional, dos 56 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil, mais da metade são entre os jovens. E dos que morrem, 77% são negros. São crianças, adolescentes e jovens que desconhecem o Estado protetor e garantidor de seus direitos fundamentais previstos no ECA e na Constituição Federal, mas que conhecem bem o sistema de repressão racista que vê no jovem negro um criminoso em potencial.

Portanto, o mês da consciência negra é para denunciar as violações de direitos, o extermínio da juventude negra e o racismo midiático, é para dizer não à redução da idade penal que tem como principal alvo adolescentes negros, é para dizer não à PEC 55 que provocará a precarização dos serviços públicos de saúde e de educação, dos quais a população negra é a maior usuária, é para dizer não ao governo ilegítimo que embranqueceu a equipe de ministros e extinguiu o Ministério da Igualdade Racial. É tempo de dizer que representatividade importa, de reivindicar o direito ao conhecimento da história e cultura afro-brasileira e de exigir respeito a essa gente “que fez e faz história, segurando esse país no braço”.

Kennet Anderson
Assessor de Comunicação do CEDECA Casa Renascer
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