COMISSÃO INTERSETORIAL SELO UNICEF 2013/2016

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terça-feira, 19 de abril de 2016

Nota Pública sobre os riscos da Crise Política para Crianças e Adolescentes

Nesse domingo, dia 17 de abril, vivenciamos um dos momentos mais graves da histórica crise política brasileira, uma derrota que não significa apenas o impedimento de um governo, mas sim a ascensão de um projeto político das grandes elites econômicas do país. Um projeto que não se detém apenas na impunidade dos indícios de corrupção por parte da alta cúpula dos poderes executivo e legislativo, mas também no jogo de interesses políticos que estão interferindo na legitimidade e função desses poderes.

Esse pano de fundo evidencia: 1- a seletividade da comoção pública nacional em relação às acusações direcionadas a/os líderes do Partido dos Trabalhadores e impunidade às denúncias de corruptos notórios como o atual presidente da Câmara de deputados federais, Eduardo Cunha; 2- Os interesses políticos e pessoais na votação do impeachment, por deputados investigados em processos de corrupção; e 3- As tentativas de retiradas de Direitos Sociais historicamente garantidos.

A princípio, é preciso que compreendamos que no período do governo Lula houve um grande salto de crescimento econômico e social propiciado por uma pactuação de diversos setores da sociedade. Através de programas de concessão de crédito, distribuição de renda e incentivo ao consumo, ocorreu ao mesmo tempo uma diminuição da pobreza e um crescimento no lucro do empresariado.

Porém, a crise mundial do capitalismo chegou a patamares assustadores em meados de 2008, se apresentando no Brasil com sinais de esgotamento desse pacto social. Os setores do alto empresariado nacional e internacional em aliança com a grande mídia sentiram seus privilégios e lucros ameaçados, e decidiram pressionar o governo para sair da crise pelo caminho que lhes interessa: potencializando o neoliberalismo.

Assim, o movimento que pretende derrubar o governo democraticamente reeleito nas últimas eleições de 2014, não tem legitimidade legal, prevista constitucionalmente; é um movimento golpista que ameaça um governo eleito, e é hostil aos Direitos Humanos conquistados por grupos historicamente oprimidos.

No âmbito dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente essa possibilidade é extremamente assustadora, uma vez que o neoliberalismo e o conservadorismo andam de mãos dadas, fazendo com que já se aponte para a volta de uma pauta extremamente reacionária da qual são expoentes a redução da maioridade penal e a proibição da discussão da questão de gênero e sexualidade nas escolas.

No horizonte, ainda é possível apontar outras possibilidades sombrias desse processo, tais como: 1- O aumento do trabalho infantil, do número de crianças e adolescentes em situação de extrema pobreza e do subemprego juvenil, ocasionado pela diminuição dos programas sociais, retração dos direitos trabalhistas e aumento do desemprego; 2- precarização das condições de saúde, educação e lazer ocasionado pela diminuição de investimentos nessas áreas; e 3- aumento da violência contra crianças e adolescentes, principalmente do sexo feminino, LGBT, negras e de religião de matriz africana.

Mesmo diante de todas as críticas às quais o atual governo faz jus, é perceptível que a solução da atual crise político-econômica não é o impedimento da atual presidenta, pois isso dá margem para movimentos totalmente retrógrados pautarem políticas de infração a direitos e conquistas sociais. Para a classe trabalhadora, mulheres, crianças e adolescente, a solução seria uma reforma no sistema político brasileiro. Dessa maneira, a população teria mais poder de controle social e interferência nos espaços de decisões políticas, para barrar corrupção e retração a direitos sociais.

Apesar do processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff ter passado pelo Congresso Federal, com grande apoio de deputados da "bancada bbb" (Boi, Bíblia e Bala, em referência a ruralistas, fundamentalistas religiosos e a indústria militar e armamentista), importando-se apenas com seus interesses pessoais e familiares em continuar na elite social e econômica do país, a luta pela defesa dos direitos humanos e sociais não cessa. O CEDECA Casa Renascer se posiciona, e sempre se posicionará, em defesa e em respeito a Democracia, de trabalhadores/as, de crianças e adolescentes, das juventudes e contra qualquer tentativa de violação a direitos político-sociais

Confira a nota em: https://goo.gl/ZPzu8P

Kennet Anderson
Assessor de Comunicação do CEDECA Casa Renascer
Fone: 84 3211 1555 | Fax: 84 3611 3207
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